Tinha uma pedrinha no meu caminho… Era uma pedrinha pequenininha que de tão diminuta resolvi carregá-la para mostrar que eu era forte e que poderia suportá-la. Quando me viram carregando aquela pedrinha no meu caminho, resolveram me atirar mais uma. Carreguei mais essa pedrinha, desta vez maiorzinha, que me feria, que me doía, mas que também era uma pedrinha pequenina e eu era forte. Pelo menos eu pensava que era, o quão forte somos realmente?
E o tempo passou e carreguei mais pedrinhas, maiores, irregulares, pontiagudas, de todos os tamanhos, cores e que provocavam todos os tipos de dores. Por mais que eu tentasse desviar, agora que as pedrinhas doíam cada vez mais, o meu caminho estava repleto de pedrinhas por todos os lados e a cada momento alguém me trazia uma nova. Sem quem eu pudesse me dar conta, de tanto colecionar as pedrinhas, eu já estava em um mar de pedras, sufocando aos poucos e sem saber nadar. Quem é que nos ensina a lidar com as pedras da nossa vida?
As pedrinhas eram palavras, as pedrinhas eram sentimentos, as pedrinhas eram ofensas, as pedrinhas eram dores. Quantas pedrinhas há no caminho? Quantas pedrinhas suportamos carregar sem reclamar? Cabe a nós escolher se carregaremos as pedrinhas e até quando, se faremos um castelo com elas ou se atiraremos para outros as pedrinhas que recebemos. Mas como é que se evitam as pedrinhas? Eu pensava que colecionava, que era forte, mas eu não conseguia mais lidar com tantas pedrinhas assim.
Ainda na agonia de ver que só havia pedrinhas cada vez maiores em meu caminho, sentei e decidi pensar no que faria. Refleti, refleti, refleti e nada me veio à mente sobre o que fazer com tantas pedrinhas que eu já havia acumulado. E só de pensar que se eu desse mais um passo receberia novas pedrinhas, ficava petrificado e eu preferia me manter sentado e pensando.
Quando menos esperava – se é que se pode esperar algo quando não vemos uma solução para tantas pedrinhas que colecionamos – uma senhora que já acumulará muitas primaveras passou por mim. Ela parou e ficou olhando todas as pedrinhas que juntas já formavam uma pequena montanha. E então me perguntou por que eu guardava tantas pedras. Quando expliquei que resolvi carregar todas as pedrinhas que encontrava em meu caminho, ela se espantou.
A senhorinha, ainda espantada, me disse que ela também encontrara muitas pedrinhas em todo o seu caminho, mas que diferentemente de mim ela usará as pedrinhas para pavimentar o seu caminho ao invés de carregá-las consigo. Ela disse que ficava mais fácil caminhar sobre as pedrinhas do que carregá-las. Cada caminho novo que fazemos, dizia ela, encontramos muitas pedras novas, cada vez maiores e chega uma hora que não é possível carregar mais.
Eu resolvi seguir o conselho da senhora e usar as pedras, que já tinha carregado e as novas que encontrava, para pavimentar o meu caminho. E de repente percebi que caminhar realmente se tornara mais fácil. Eu podia usar as pedrinhas a meu favor, não como um fardo, mas como uma forma de ir mais adiante. Tudo depende da forma como vemos as pedrinhas, tudo depende da forma como encaramos nossos problemas, ou nos paralisamos com as dificuldades ou as usamos para ir ainda mais longe. As pedrinhas podem ser problemas, mas também podem facilitar o nosso caminho. Os caminhos pavimentados com as pedrinhas facilitam a caminhada, pode acreditar!