Você já parou para pensar como as interações sociais são importantes para a nossa vida? Como conseguiríamos viver tanto e com qualidade de vida se não nos comunicássemos com outros humanos? De fato, nossa vida seria muito prejudicada, e muito provavelmente a humanidade não teria se desenvolvido tanto. Se comparados aos demais animais, não somos os mais fortes e nem os mais rápidos. Num passado distante – diga-se, na pré-história de nossa espécie – sobreviver era uma luta diária, e interagir com outros seres humanos era imprescindível, formando grupos para caçar e manter o ambiente comunitário adequado às necessidades. Um dos maiores diferenciais do homem está na forma como nos agrupamos, formando sociedades complexas – o que é um reflexo de um aparato cerebral altamente desenvolvido.

Passamos boa parte de nossas vidas nos comunicando com outras pessoas. Como não poderia deixar de ser, esse assunto é estudado pela Psicologia há bastante tempo: praticamente todas as teorias de desenvolvimento abordam a questão da socialização e da importância das interações sociais. Interações sociais problemáticas podem comprometer significativamente a formação de uma pessoa em relação à sua saúde mental, acarretando em problemas como a ansiedade social, a depressão e desajustamento escolar, entre outros (Del Prette e Del Prette, 1999). Nas próximas semanas, iremos discutir um pouco sobre as habilidades sociais básicas para uma boa comunicação.

Nossa comunicação não é composta apenas pelo que falamos e ouvimos. Grande parte do que emitimos aos outros são sinais não verbais. A comunicação não verbal envolve o olhar e o contato visual, o sorriso, a expressão facial, a gestualidade, a postura corporal, os movimentos com a cabeça, o contato físico e a distância que mantemos de nossos interlocutores. Muitas vezes, emitimos esses sinais naturalmente, sem perceber. Assim, pode acontecer de você falar uma coisa e seu corpo sinalizar outra para as pessoas que te cercam, comprometendo significativamente a sua capacidade de se expressar. Modular os comportamentos não verbais é importante, sendo que a melhor dica que eu poderia dar é que você seja verdadeiro consigo mesmo em relação ao que faz e fala. Pessoas com altas habilidades sociais sabem a importância de ser honesto, já que, assim, o corpo não as trai.

Toda interação ocorre em um contexto. Por isso, uma boa leitura do ambiente é fundamental para a orientação da melhor forma de agir. É muito difícil regular comportamentos verbais e não verbais de socialização sem compreender em que contexto se está inserido. Um erro de leitura do ambiente pode transformar a intenção de um comportamento positivo em um desastre. Portanto, reparar no tipo de ambiente (se é formal ou informal, por exemplo), no semblante e nos trajes dos outros pode fornecer dicas relevantes para orientar como se portar adequadamente. Estudar como se dá a interação entre as outras pessoas e os sinais não verbais que elas emitem também são fatores fundamentais para se compreender o contexto de cada situação social e qual a melhor forma de agir.

Por fim, a apresentação pessoal também é importante em relação às interações sociais, principalmente se você tem um objetivo específico em mente. Por apresentação pessoal nos referimos à aparência: o uso de roupas e acessórios adequados para cada situação, higiene pessoal e até a forma de se barbear ou se maquiar influenciam. Assim como olhamos para uma pessoa e, por meio de sua aparência, podemos dizer algo sobre ela (e predizer se é interessante ou não estabelecer contato, além de ter uma noção de como contatá-la), os outros fazem o mesmo conosco.

Nas próximas duas semanas continuaremos abordando o tema da comunicação e das habilidades sociais. Este artigo, baseado na importância de uma boa comunicação e nos sinais não verbais, foi o primeiro de uma série de três textos, que abordarão a comunicação verbal e o treinamento em habilidades sociais.

Referências:

Bolsoni-Silva, A. (2002). Habilidades Sociais: breve análise da teoria e da prática à luz da análise do comportamento. Interação em Psicologia, 6(2), p. 233-242.

Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1999). Psicologia das Habilidades Sociais: Terapia e educação. Petrópolis:Vozes.