Você já ouviu falar que nós somos aquilo que comemos, ou então, nós somos aquilo que fazemos. Mas, a verdade é que principalmente nós somos aquilo que pensamos. E mais além, o que nós pensamos sobre nós mesmos e sobre os outros afeta o modo como agimos no mundo e como as coisas podem acontecer.

Sabe quando tudo parece estar dando errado? Quando as coisas não estão do jeito que você acha que deveriam estar? Quem é o primeiro culpado por tudo isso? Seu chefe que não te reconhece? Seu amigo que não te dá atenção? Seu namorado que não gosta mais de você? Deus que te esqueceu?

Onde está o seu papel nisso tudo?

A minha grande questão aqui é perguntar o que você pensa sobre você mesmo? Isso realmente importa? Eu já lhe adianto que a resposta é sim, com toda certeza o que você pensa sobre você mesmo importa! E na verdade, importa muito!

Nos anos 1960, dois psicólogos chamados Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, investigaram como nossas expectativas podem afetar o que acontece em nossas vidas ou na vida dos outros. Eles encontraram evidências de que quando pensamos ou esperamos algo, a nossa expectativa faz com que acabemos criando meios para que ela se torne mais possível de acontecer.

Rosenthal e Jacobson chamaram isso de Efeito Pigmaleão. Na Mitologia grega Pigmalião, foi um escultor que se apaixonou pela própria estátua e foi “premiado” pela deusa Afrodite, que deu vida a ela.

O sociólogo Robert K. Merton, chamou esse efeito de profecia auto-realizável ou auto-realizadora. Porque aquele que faz a “profecia” (tem a expectativa) é, na verdade, quem cria meios para fazer ela acontecer.

“Alguém profetiza um evento, e a expectativa do evento muda o comportamento de quem fez a profecia de tal modo que torna a profecia mais provável” (Rosenthal, 1966, pág. 196).

O que Rosenthal e Jacobson (1968) fizeram foi aplicar um teste de inteligência para todas as crianças de uma escola, dizendo para as professoras que o teste teria o potencial de predizer o desenvolvimento intelectual das crianças. Depois, eles selecionaram aproximadamente 20% de alunos de modo aleatório em cada classe e contaram os nomes dessas crianças para as professoras de modo informal, apenas dizendo que a partir dos resultados obtidos no teste, aquelas crianças poderiam ser consideradas como potencialmente capazes de rápido desenvolvimento intelectual. Ou seja, a diferença entre as crianças do grupo experimental (as que a professora esperava que teriam rápido desenvolvimento intelectual) e as do grupo controle (as que as professoras não esperavam que teriam desenvolvimento rápido) eram apenas as expectativas que a professora tinha. O que você acha que aconteceu?

As crianças do grupo experimental e controle responderam novamente aos testes 4 meses depois do início das aulas e ao fim do ano escolar. Os resultados mostraram que as crianças de quem as professoras esperavam melhores resultados intelectuais realmente mostraram tais progressos mais do que as crianças que as professoras não tinham a mesma expectativa.

As expectativas criam o caminho para que nós tentemos torná-las realidade. Seja pelo lado positivo como pelo lado negativo. Veja, as professora desse estudo, provavelmente não queriam minimizar o desenvolvimento das crianças do grupo controle, mas acabaram favorecendo algumas das crianças.

Quais são as suas expectativas sobre você mesmo? Como essas expectativas, esses pensamentos estão conduzindo a sua própria vida de modo a torna-los realidade – seja pelo lado positivo ou pelo lado negativo.

E como isso pode mudar sua vida?

Eu já comecei dizendo que nós somos o que nós pensamos. Se você pensar sobre isso um pouquinho, verá que o que eu estou dizendo. Boa parte do tempo nós não agimos diretamente com as coisas como elas são (se é que podemos fazer isso), nós criamos crenças, sentimentos e agimos em decorrência desses pensamentos.

Você olha, por exemplo, para alguém e acha que ele está triste ou bravo e imediatamente as suas reações, os seus comportamentos na direção dessa pessoas já começam com base nessa sua crença. Você pode até agir de modo que faça com que essa pessoa fique realmente triste ou brava. Relacionamentos amorosos também começam assim, você  “sente que pode dar certo”, você “cria” meios para que isso aconteça e algumas vezes você repete as mesmas ações e pensamentos positivos ou negativos. (Como já discuti aqui).

Isso também funciona com você mesmo, pense, por exemplo, quando você fala “estou com preguiça”, cada vez que você repete isso, você não tem a sensação de ficar com mais preguiça ainda? Basta romper esse ciclo, fazendo algo e a sensação parece que desaparece e a preguiça acaba, mas e a coragem para enfrentar suas crenças?

Essa atribuição de estados mentais, pensamentos, crenças e sentimentos ao outro e a si mesmo é conhecido como Teoria da Mente. Esse nome vem da ideia de que durante nosso desenvolvimento nós teorizamos que os outros possuem uma mente independente da nossa. Aliás existe toda uma linha de estudos sobre teoria da mente, que mostram, por exemplo, quando as crianças começam a atribuir estados mentais aos outros. Esses estudos mostram que nós vamos desenvolvendo, modificando essas habilidades sociocognitivas durante a vida.

O fato de que você atribui/pensa algo sobre o outro e age de acordo com o que esse pensamento, talvez você já soubesse. Mas, você já parou para pensar em como você pensa sobre você mesmo?

Psicoterapeutas que usam a abordagem Cognitivo-Comportamental podem chamar isso de Crença Central- aquele pensamento que está na origem de todos os outros – e Crenças Subjacentes – os pensamentos decorrentes da Crença Central.

Mas, o que importa aqui é que você reflita sobre como o que você pensa sobre você mesmo pode estar afetando seu dia a dia. Lembre-se de que se você não confiar em você mesmo, quem irá confiar? Para cada segundo que você gastou ficando triste, você deixou de sorrir, de tentar mudar de humor. Tente fazer o inverso, tente sorrir sem motivo e veja como de repente os motivos para sorrir irão aparecer.

Crie atitudes positivas sobre você mesmo. Você tem problemas? Todo mundo têm! As pessoas não são felizes o tempo todo, mas quando você tenta ver o lado positivo das coisas, tudo fica mais fácil. Coisas boas atraem coisas boas.

E então, você já sorriu hoje?

Referências

Rosenthal, R. (1966). Experimenter Effects in Behavioral Research. New York: Appleton, Century, Crofts.

Rosenthal, R. e Jacobson, L. (1968). Pygmalion in the Classroom. New York: Holt, Rinehart e Winston.

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