O termo pesquisa científica pode parecer muito complicado ou assustar a primeira vista. No entanto, ele apenas significa usar técnicas rigorosas para entender melhor uma situação, um problema, descrever características e conhecer melhor como as coisas funcionam. É usando pesquisa científica que conseguimos avançar na tecnologia, ter melhores tratamentos para doenças, criar métodos mais eficazes de ensino e muitas outras coisas.

A palavra pesquisa, normalmente, tem um significado mais amplo na nossa linguagem cotidiana. Políticos podem fazer pesquisas para conhecer melhor as características demográficas de seus eleitores ou explorar a legalidade e viabilidade de projetos ou até mesmo fazer revisão e proposição de leis. Artistas podem fazer pesquisa para conhecer melhor as características de um período histórico para criar suas obras de arte. Atores fazem pesquisa para conhecer mais sobre os elementos, habilidades e histórias que fundamentam seus personagens.

Isso quer dizer que quem faz pesquisa quer conhecer algo em profundidade. Quem faz pesquisa científica quer conhecer algo em profundidade utilizando técnicas precisas de investigação o que exige um treinamento em qualquer uma das diversas ciências.

Psicólogos educacionais, por exemplo, fazem pesquisa quando eles querem examinar o desenvolvimento cognitivo de crianças; explorar as relações entre preferências de métodos de ensino dos professores, experiências educacionais e desempenho em sala de aula; manipular as características estruturais de lições e estudar os resultados no nível de participação dos alunos; ou explorar questões relacionadas com as interações entre professores, aprendizes, e contextos educacionais, sejam situações naturais ou situações em que o pesquisador manipula algo para controlar quais fatores é que são determinantes para explicar os resultados (Jaeger & Bond, 1996).

O que caracteriza uma pesquisa científica, então, é que ela é uma “investigação disciplinada” (Cronbach & Syppes, 1969, segundo Jaeger & Bond, 1996). Isso significa que uma investigação disciplinada é diferente de uma pesquisa casual, é diferente por sua estrutura rigorosa de obter evidências e por estar fundamentada em um conhecimento de base, uma disciplina, como a Psicologia. Assim, a pesquisa científica deve seguir regras formais dos procedimentos para coletar dados (para adquirir as informações) e testar se as suposições (hipóteses) são sustentáveis ou não a partir da análise dessas informações coletadas. Cada disciplina, ou ciência tem seus próprios métodos de fazer pesquisa.

No caso da Psicologia, os métodos mais comuns são os estudos experimentais, quasi-experimentais, estudos correlacionais, estudos longitudinais, estudos transversais, análises de casos e estudos descritivos. Em síntese, os estudos experimentais são os mais controlados e rigorosos e fornecem evidências de causalidade, ou seja, fornecem evidências de que um determinado método de ensino, por exemplo, pode causar um melhor resultado do que outro. Estudos quasi-experimentais são bastante semelhantes, mas são usados quando não se pode ter controle sobre todas as variáveis. Nesse caso eles são mais similares a estudos correlacionais, onde é possível saber que um método de ensino está relacionado com um melhor desempenho em leitura, mas não é possível garantir que não tenha sido outra coisa que contribuiu para esse resultado, como por exemplo a motivação da professora ao ensinar.

Estudos longitudinais são estudos que tem uma duração longa acompanhando por exemplo, como as crianças se desenvolvem durante meses ou anos, ou o efeito de um tratamento por um determinado período de tempo. Por outro lado, estudos transversais são estudos relativamente mais curtos, porque ao invés de comparar o desenvolvimento da habilidade de leitura de alunos da 1o ano até que eles cheguem na 5o ano (estudo longitudinal), o pesquisador apenas compara o nível de leitura de alunos diferentes que já estejam no 1o ano, 2o ano, 3o ano, 4o ano e 5o ano, as comparações, portanto não são das mesmas crianças, mas são expectativas do perfil que as crianças tem em cada grupo.

Os estudos de caso são investigações aprofundadas de características de uma pessoa, instituição ou situação. O pesquisador pode, por exemplo, fornecer várias evidências como relatos, observações e resultados de testes para estudar em profundidade o caso de um aluno com um excelente desempenho escolar. Um estudo descritivo tem um objetivo similar de descrever, de narrar o máximo de informações possíveis acerca de um determinado objeto de estudo, fornecendo evidências e criando hipóteses para novos estudos.

É claro que existe muitos outros métodos de pesquisa, como por exemplo, observações naturalísticas, método clínico, e métodos de estudos do cérebro a partir de exames de imagem etc. No entanto, esse artigo é apenas uma introdução e em futuros artigos posso explorar melhor esses métodos. Se você gostou desse artigo compartilhe com seus amigos e se você tiver dúvidas ou sugestões deixe seu comentário.

Referência:

Jaeger, R.M. and Bond, L. (1996). Quantitative Research Methods and Design, In Handbook of Educational Psychology, D.C. Berliner and R.C. Calfee (Eds), Simon and Schuster: New York, pp. 877-898.