Ao procurar por terapia, é comum que as pessoas não saibam exatamente o que esperar da consulta e do profissional.  Fatores como abordagem teórica (tipo de terapia) e personalidade contam muito, mas em geral há algumas coisas em comum que as pessoas podem esperar de uma sessão com um psicólogo ou psicoterapeuta. A seguir, discutiremos cinco pontos chaves que podem ser esperados:

  1. Sigilo Profissional

O sigilo do conteúdo de todas as sessões é garantido pelo Código de Ética do Psicólogo, de forma que o profissional não tem a permissão de revelar seus dados e sua história sem a sua autorização prévia a nenhuma pessoa*. Mesmo que ele comente do caso com colegas ou supervisores, sua identidade deve permanecer preservada, e você permanece anônimo. Todo e qualquer psicólogo ativo está submetido a esta regra. Caso esse ponto seja violado, o paciente pode denunciar o profissional ao Conselho Regional de Psicologia, que se encarregará de investigar e, se necessário, punir o profissional infrator.

No caso de crianças e adolescentes, geralmente os psicólogos combinam previamente com os pacientes o que deve ou não ser comentado em sessões com os pais ou responsáveis. É muito importante para a terapia que a relação entre o profissional e seus pacientes seja boa, e para isso essa negociação é importante – já que o terapeuta deve prestar contas aos responsáveis sobre o andamento do processo terapêutico. Sendo assim, se você é menor de idade e quer fazer terapia e tem receio, fique à vontade para tocar nesse assunto com o psicólogo, e o que for combinado entre vocês deve ser respeitado – afinal, é importante para o profissional que você confie nele para que o trabalho seja produtivo.

*Salvo situações em que o paciente pode colocar ele mesmo ou outras pessoas em risco e/ou em que são revelados crimes. Nesses casos, o Código de Ética prevê que o psicólogo deve informar a família e/ou órgãos públicos capacitados para lidar com a situação, como a polícia e o conselho tutelar.

  1. Psicoterapeuta não dá respostas para questões existenciais

Se você quer fazer terapia para que o profissional lhe dê respostas, talvez fique frustrado. O psicólogo dificilmente dá alguma resposta a crises existenciais, e quando o faz, é baseado em estudos e evidências científicas – e não com base na sua vida e sobre o que ele sabe sobre você. Algumas abordagens de terapia se abstêm totalmente de qualquer tipo de resposta. Porém, todas visam lhe ajudar a pensar sob outros pontos de vista, para que você mesmo chegue a novas conclusões. Apesar de não fornecer respostas diretas, alguns tipos de terapia mais focais trabalham com exercícios que estimulam esse tipo de reflexão. Mas não espere que ele lhe diga se deve casar ou comprar uma bicicleta.

  1. Psicólogo não prescreve remédios – e nem é terapeuta alternativo

Psicólogos não prescrevem medicamentos – a não ser que, além do diploma em psicologia, também sejam médicos. No máximo, o psicoterapeuta lhe encaminhará a um psiquiatra caso avalie que há necessidade. Porém, ele pode prescrever atividades que auxiliem o tratamento, sobretudo para melhorar sintomas que por ventura você esteja vivenciando. Com base em estudos validados cientificamente, o psicólogo poderá lhe prescrever começar uma atividade física para melhorar sintomas depressivos, por exemplo, assim como poderá lhe ensinar técnicas que aliviam os sintomas de ansiedade.

Além da restrição quanto à prescrição de medicamentos, o psicólogo também não deve confundir a ciência psicológica com outras atividades relacionadas a terapias alternativas, tais como Florais de Bach, Cromoterapia, Aromaterapia e Tarô, entre outras práticas. Essas atividades podem ser interessantes, mas não são regulamentadas pelo Conselho Federal de Psicologia. Sendo assim, o psicólogo ou psicoterapeuta não deve praticá-las como forma de psicoterapia. Caso o profissional tenha uma formação em uma dessas atividades, ele poderá se divulgar e exercer, mas jamais sob o título de psicólogo. Uma prática não pode se misturar à outra. O profissional que faz isso pode ser denunciado, investigado e punido.

  1. Você pode – e deve – tirar as suas dúvidas sobre a terapia sempre que quiser

Apesar de em alguns tipos de terapia o psicólogo assumir uma postura neutra e reservada, é seu direito entender como se dará o processo de terapia. Sinta-se à vontade para perguntar o que achar necessário: desde a lógica do tratamento até a formação do profissional e a capacitação dele para atender casos como o seu.

É comum ver pessoas perguntando se a terapia que está fazendo está funcionando, se está tendo os resultados esperados ou comentando que não gostou de determinada postura do psicólogo (e questionando se tal posicionamento foi adequado). Caso isso aconteça com você, não hesite em perguntar ao seu próprio terapeuta e a comunicar quaisquer insatisfações acerca da postura dele e da terapia. Esses feedbacks são importantes e todo e qualquer ajuste no processo é válido.

Terapia não é bicho de sete cabeças. É um processo baseado num relacionamento, em que o centro do trabalho é você. Dependência emocional da terapia, crenças de não ser compreendido pelo terapeuta e crenças de que o terapeuta lhe dará as respostas para melhorar a sua vida como num passe de mágica devem ser discutidas e lapidadas, pois não são produtivas.

O agente da sua melhora é você, o terapeuta está ali para lhe auxiliar. Seja ativo! Para começar, se você tiver alguma dúvida sobre esse tema ou alguma consideração a fazer, o que acha de deixar um comentário para a gente?  Você também pode curtir e compartilhar o artigo para que mais e mais pessoas tenham acesso ao que esperar de um psicoterapeuta!