É estranho pensar que em um mundo com tantos recursos tecnológicos de comunicação ainda exista espaço para o sentimento de solidão. Estamos o tempo todo conectados, sedentos por informações dos mais diversos tipos, mas, ainda assim, muitas vezes acabamos nos sentindo sozinhos e sem perspectivas futuras com relação à vida. Quando paramos para refletir sobre nossos relacionamentos pessoais, podemos acabar decepcionando-nos com nós mesmos (ou com os outros) por não termos conseguido cultivar ou manter amizades “suficientes” e satisfatórias ao longo da vida.
Embora muitos de nós saibamos como é difícil deparar-se com um sentimento profundo de solidão e quais são as sensações físicas e emocionais que esta condição é capaz de provocar em nós, há um número elevado de informações que ainda nos são desconhecidas, mas que serão explicitadas ao longo deste texto. Se você quiser saber mais sobre os efeitos e sobre outras curiosidades a respeito da solidão, continue atento à leitura!
Isto mostra a importância de se fazer estudos relacionados a este tema e de criar estratégias que consigam reduzir ou evitar os efeitos negativos que esta condição é capaz de provocar em nós.
Pelo contrário, ela depende muito mais da qualidade subjetiva de nossos relacionamentos e do fato de nos sentirmos emocional ou socialmente (des)conectados das pessoas ao nosso redor. Isto explica o porquê de uma pessoa popularmente conhecida e possuinte de uma infinidade de contatos ser capaz de, ainda assim, sentir-se solitária. Por outro lado, uma pessoa com um número restrito de amigos pode sentir-se muito mais inserida em seu meio social do que no outro caso, justamente pelo fato de seus relacionamentos serem mais satisfatórios em termos qualitativos, e não quantitativos. Entretanto, isto não impede que uma pessoa tenha um grande número de amizades, ao mesmo tempo em que este seja qualitativamente satisfatório.
Quando o casal não mais compartilha seus sentimentos, pensamentos e experiências um com o outro, isto pode levá-los a se sentirem desconectados e solitários. Pessoas em relacionamentos deste tipo acreditam que seu/sua parceiro(a) não está apto(a) a oferecer a conexão e sintonia que elas prezam em uma relação amorosa. Por isso, é importante que ambas as partes do casal estejam dispostas a investir no relacionamento que compartilham uma com a outra para que os parceiros não entrem em uma rotina monótona e desgastante.
Alguns estudos descobriram que apenas o fato de pedir para as pessoas se lembrarem de momentos da vida em que elas se sentiram solitárias já era o suficiente para levá-las a desvalorizar seus relacionamentos. Este tipo de distorção perceptual normalmente levam-nas a se afastar ainda mais das pessoas que provavelmente poderiam aliviar seus sentimentos de solidão. Ao invés de pensarmos em nossos relacionamentos de maneira negativa e de, muitas vezes, culparmos os outros por sentirmo-nos desta forma, deveríamos tentar ver qual é nossa parcela de “culpa” em relação a esta situação e observar quais são os comportamentos que podem estar contribuindo para que os outros sintam vontade de afastar-se de nós.
Nós possuímos a tendência a cegar-nos para nossos próprios erros e falhas, e isto pode acabar impedindo-nos de enxergar nossos relacionamentos de uma maneira mais ampla e menos egoísta. É necessário que tenhamos empatia o suficiente para perceber que muitas vezes o problema está em nós, e não nos outros. Talvez, mudando um pouco esta perspectiva individualista, possamos passar a ter um olhar mais altruísta e sensível com relação aos nossos colegas, parceiros amorosos, amigos e parentes.
O sentimento de solidão tem um estigma bem claro: nós possuímos a capacidade de detectar e identificar as pessoas solitárias ao nosso redor. Estudos descobriram que, em um período de 6 meses, estas pessoas solitárias foram deslocadas para a “periferia” das redes sociais e, surpreendentemente, também o foram seus amigos. Podemos ver isso, não só nas redes sociais, mas no mundo “real”. Pessoalmente, indivíduos mais solitários podem sentir-se excluídos socialmente da mesma forma, e isto costuma causar efeitos negativos ainda mais intensos em suas estruturas psicológicas, sociais e emocionais.
A sociedade tende a afastar-se de pessoas que aparentam ser muito solitárias, ou simplesmente excluí-las de sua rede de contatos. Em um mundo onde a extroversão e a atitude de manifestar-se o tempo todo são ultra-valorizadas, os solitários passam a ser vistos como indivíduos improdutivos ou que simplesmente não possuem nada a acrescentar aos outros, em termos sociais ou, até mesmo, intelectuais.
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Estudos científicos descobriram que, induzindo as pessoas a se lembrar de momentos da vida em que se sentiam solitárias, as fez perceber a temperatura do ambiente – onde foi realizado o experimento – como estando mais fria. Isto fez até com que a temperatura de seus corpos ficasse mais baixa. A ideia de sentir-se excluído, em termos sociais, remete ao nosso passado evolucionário, onde estar longe dos membros de nossa tribo significava estar sendo mantido afastado do aconchego do lar e do grupo social existente nele.
Desde os primórdios nós sentimos a necessidade de estar inseridos em um grupo social, seja ele de que ordem for. Isto nos remete a uma ideia de proteção e segurança e traz-nos um conforto que apenas o calor e o contato humano é capaz de nos proporcionar.
Este sentimento é capaz de causar uma reação imediata e severa em nossos corpos. Isto porque ela aumenta nossa pressão arterial e ativa nossas respostas físicas e emocionais relacionadas ao estresse. Este fato mostra o quanto devemos estar atentos às consequências que uma condição psicológica é capaz de causar em nossa saúde de maneira geral, tanto em termos psicológicos quanto físicos.
Isto porque os corpos dos solitários, como foi dito anteriormente, são constantemente alimentados pelo estresse que sentem ao enfrentar esta condição.
Ela faz com que este nosso sistema funcione de modo menos eficiente, o que, ao longo do tempo, pode aumentar o risco de desenvolvermos todos os tipos de doenças e enfermidades. Até mesmo breves episódios de solidão podem impactar nossa imunidade.
Se realmente prezamos nossa saúde física, devemos estar igualmente atentos aos efeitos que nossos estados psicológicos são capazes de provocar em nossos corpos.
Estudos mostraram que, mesmo experimentando o sentimento de solidão por poucas semanas, isto foi o suficiente para impactar o sistema imunológico de indivíduos recém-chegados à faculdade e que, justamente por isso, ainda não possuíam uma rede de contatos com a qual pudessem relacionar-se. Por outro lado, os estudantes que não sentiam-se sozinhos tiveram uma resposta melhor à vacina da gripe do que os primeiros.
Cientistas chegaram à conclusão de que, levando em conta os mais dramáticos e impactantes efeitos que a solidão é capaz de provocar em nossos corpos, ela pode também desencadear, a longo prazo, um risco perigoso à nossa saúde, assim como o fumo de cigarros o faz. Estudos também concluíram que a solidão crônica aumenta em 14% nossas chances de morrer precocemente.
Diante destes dados, acho importante refletirmos sobre os impactos que a solidão é capaz de causar à nossa saúde física e mental. Embora seja um sentimento que, como dito anteriormente, é bastante recorrente na sociedade em que vivemos, não parecemos dar a este fenômeno a devida atenção que ele merece. Até quando iremos priorizar nossa saúde física em detrimento de nossa saúde mental? Será que é realmente necessário apresentar dados estatísticos referentes aos riscos fisiológicos que a solidão pode acarretar, como os que foram expostos acima, para que a população se dê conta do quão grave isto pode soar em nossas vidas? Será que se deixássemos de lado todas estas ameaças à nossa saúde física nós iríamos ter a mesma preocupação que teríamos se apenas fossem expostos os males que a solidão é capaz de causar em nosso psiquismo?
Precisamos repensar o porquê disto acontecer e achar maneiras de reduzir este tipo de prioridade, pois, assim como a Medicina é de extrema importância para a saúde e o bem estar da população, assim o é a Psicologia. Aliás, muitos padecimentos psíquicos podem causar ainda mais sofrimento ao indivíduo do que um padecimento físico.
Assim como nos preocupamos com nossa saúde física, devemos também atentar-nos à nossa saúde mental e enxergá-la como um ponto crucial para que possamos relacionar-nos bem com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor.
Nesta era tecnológica atual, que muitas vezes mais nos afasta do que nos aproxima, acabamos por desvalorizar a importância do contato físico com as outras pessoas e esquecemos o quanto que isto pode ser reconfortante. O “calor humano” é algo real, que nos remete a épocas muito remotas de nosso passado ancestral; portanto, não devemos ignorar sua importância. Estar atento ao outro é também estar presente, e “estar presente”, neste caso, é estar fisicamente em contato com quem nos é importante, de modo a assegurá-los do valor que atribuímos aos nossos relacionamentos interpessoais.
Somos seres sociais, querendo ou não. Alguns mais, outros menos, mas, no final das contas, todos nós primamos por boas amizades, relacionamentos duradouros e vínculos familiares satisfatórios. Estar sozinho pode ser muito bom (e necessário!) em alguns momentos, mas, na medida em que isto se torna uma condição crônica, é preciso estar atento para não cair nas armadilhas perigosas da solidão, que, além de incentivar nosso distanciamento com relação às pessoas ao nosso redor, também interfere negativamente no modo como vemos a nós mesmos e nossas próprias potencialidades.
E aí, gostou do texto? Você já chegou a ver-se nesta situação alguma vez na vida? Como foi, para você, ter tido de lidar com um sentimento tão duro quanto a solidão e ter tido de suportar (ou não) os impactos causados por ela?
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Até a próxima!
Este artigo foi adaptado do original 10 Surprising Facts About Loneliness, publicado em: https://www.psychologytoday.com/blog/the-squeaky-wheel/201410/10-surprising-facts-about-loneliness