Como sugestão da minha querida futura-psicóloga Josy Rozendo, eu trago como a psicologia explica o amor. Talvez, a melhor pessoa para falar sobre o assunto seja o Prof. Dr. Ailton Amélio da Silva, que é, sem dúvidas, um dos maiores especialistas no assunto que temos atualmente no Brasil. Meu objetivo aqui é apresentar algumas considerações sobre o que seria o amor para a Psicologia, mais especificamente em falar sobre o amor em uma perspectiva comportamentalista (behaviorista). Embora possa falar de outras abordagens, a delimitação é necessária devido à extensão do texto.

 

“O que é o Amor se não outro nome para reforçamento positivo?” (Skinner, Walden Two, 1948)

 

É sabido, principalmente pelos psicólogos, que os termos mentalistas (referentes a fatos não observáveis, portanto, mentais) não são muito bem vistos na análise do comportamento (considerando a filosofia behaviorista). No entanto, esses termos (como pensamento, sonho, ideia, amor etc.) não são excluídos em absoluto, uma vez que podem ilustrar (denominar) um conjunto de comportamentos específicos que ocorrem de modo mais ou menos similar diferindo, sobretudo, de acordo com a cultura.

 

Diferentes costumes

 

Você já deve ter visto comportamentos amorosos muito diferentes de acordo com as culturas. Por exemplo, recentemente foi divulgado um aumento no número de cerimônias (rituais) de divórcio no Japão. Nesta cerimônia, parecida com o casamento, os japoneses celebram o divórcio e, ao invés de trocarem as alianças, as quebram! Já imaginou como seria no Brasil esse tipo de cerimônia? A cultura é extremamente importante. Quando falamos de amor e análises de comportamento não seria diferente.

 

O que é amor?

 

O amor, à lá behaviorismo, se configura como um conjunto complexo de sensações e comportamentos (verbais ou não) que são emitidos e/ou provocados em uma relação estabelecida entre dois indivíduos. Esses comportamentos são aprendidos por meio de condicionamento operante – fazer o prato preferido do namorado, fazer carinho de determinado modo – e respondente – o perfume que faz lembrar imediatamente do amor – e mantidos por serem reforçadores (beijos, carinho), podendo regular a conduta e serem modificados de forma mais ou menos explícita (algo pode agradar ou desagradar a pessoa amada. Ninguém apresenta um manual do(a) namorado(a)? Poderia ser útil, mas, ainda não existe. Então é por ensaio e erro que acertamos no relacionamento.

 

Definição mais prática…

 

Em termos menos psicológicos, porque aposto que você, como milhares de estudantes de psicologia que não são tão fãs do behaviorismo, não deve ter pretendido entender toda essa complicação escrita acima. O que eu quis dizer é que o amor não é algo estagnado, único. O amor é, para o analista do comportamento, não uma, mas várias coisas que, reunidas, são identificadas com esse nome. E cada pessoa tem a sua própria forma de amar. Agora, aposto que você deve ter, no mínimo, pensado em alguém que amava de forma diferente de você. E, se não pensou, deve refletir agora, porque é de consenso da psicologia geral que todos amam de modo diferente. Isso porque as pessoas têm histórias diferentes. E, além disso, esse amor se modifica na própria história das pessoas (ou seja, a sua própria forma de entender o amor muda na sua vida).

Aí você pode perguntar: “mas o amor que eu tenho em um relacionamento é igual ao outro?”. A resposta seria: você é igual agora do que foi há uma hora ou no ano passado? Com toda certeza não, ainda que sejam poucas as modificações, acredite, elas existem.

Vamos a alguns exemplos de como esse amor se transforma. Lembra de quando você era criança e amava seu brinquedo ou bichinho de estimação? Você queria levá-los para todos os lugares, estar junto sempre. Os anos se passaram, você foi esquecendo e… opa! Você não pensava mais nesse amor até agora. Que curioso, não?

Outro exemplo é de quando um amor acaba, longos anos se passam e você se pergunta: “como eu pude amar aquela pessoa?”. A resposta da psicologia pode ser: você amou porque você também era outra pessoa.

Alguns casais, quando brigam, que estão brigando normalmente dizem: “você não é o mesmo de quando nós casamos”. De fato, ninguém é o mesmo para sempre. Tudo muda o tempo todo. Os behavioristas diriam que, uma vez que as contingências se modificam, é preciso buscar novas formas de encontrar reforçadores, outras classes de resposta, ou o amor acaba.

 

Para sempre?

 

Quem é que nunca achou que o primeiro amor seria eterno? Para Vinicius de Moraes, todos os amores são eternos enquanto duram. E, como diria Carlos Drummond de Andrade:

“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.”

 

Essa foi uma reflexão sobre como a psicologia comportamental entende esse sentimento tão desejado em nossas vidas. Qual é a sua forma de amor? O que é amor para você? Comente o artigo!

Acho que também vale comentar a forma que eu entendo o amor. Tenho uma amiga que gostava muito dessa definição e pedia várias vezes para eu contar, ainda que eu explicasse que era apenas a minha forma de entender e não tinha nada de verdadeiro – mas o que é o verdadeiro, se não aquilo que acreditamos? Eu sempre gostei muito de etimologia e dizia que, na minha etimologia, o amor era uma palavra composta por a (que significa em grego: não) e mor (que é uma contração de maior, como em altar-mor), portanto a-mor significa não maior, porque não tem nada maior que o amor. Volto a perguntar, então: qual é a sua?