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7 lições da Psicologia sobre Aprendizagem

7 lições da Psicologia sobre Aprendizagem

Desde a nossa infância ouvimos falar frequentemente de aprendizagem nos mais variados contextos, por exemplo, “aprender a andar”, “dificuldades de aprendizagem”, “aprender a falar”, “eu aprendi com a vida”, “aprendizagem de matemática”. Mas afinal, você sabe realmente o que é aprendizagem?

Embora a palavra aprendizagem seja usada amplamente por todos, a Psicologia tem algumas contribuições importantes para o entendimento do que é Aprendizagem. Confira a seguir 7 lições da Psicologia da Aprendizagem que você precisa conhecer.

O que é aprendizagem?

Aprendizagem, em uma definição mais abrangente, se refere a uma modificação relativamente estável do organismo como resultado da experiência.

Dito de outro modo, aprender é adquirir novos ou modificar e reforçar, conhecimentos, comportamentos, habilidades, crenças, valores ou preferências já existentes.

Essas aquisições têm uma duração em nossas vidas, algumas vezes aprendemos algo para a vida toda como o nosso nome e outras vezes podemos esquecer de algo já aprendido como um número de telefone que não usamos mais.

Algumas das vezes a aprendizagem pode envolver a síntese de diferentes tipos de informação. Um exemplo disso é que primeiro aprendemos como falar e depois aprendemos como as letras representam sons e, então nós devemos aprender como usar letras para representar os sons das palavras que falamos (isso é o resultado da alfabetização).

É importante destacar que os humanos não são os únicos a aprenderem, os animais também podem aprender e mesmo as máquinas também podem ser programadas para aprender.

Aprendizagem não é sinônimo de escolarização

Quando se fala em aprendizagem, geralmente associamos o termo a uma escola, mas a aprendizagem não ocorre apenas nesse contexto e sim em todos os ambientes em que estamos inseridos.

Na escola, os professores utilizam teorias e técnicas (métodos de ensino) para guiar a aprendizagem dos alunos. O processo de escolarização promove, essencialmente, a aprendizagem de conteúdos formais como ciências, literatura e matemática por meio de métodos de ensino, isso é o que chamamos de aprendizagem formal.

No entanto, nós aprendemos em todos os lugares e a todos os momentos, por exemplo, aprendemos o caminho de casa, o nome de pessoas, aprendemos a andar, aprendemos a atravessar a rua. Quando aprendemos em situações não planejadas por alguém, chamamos isso de aprendizagem informal, incidental ou espontânea.

Dificuldades de aprendizagem do quê? Quem aprende, aprende alguma coisa

É importante sempre especificar do que se trata a aprendizagem, por exemplo, não é possível dizer que uma criança tem dificuldades de aprendizagem de modo geral e inespecífico.

É necessário dizer do que é que se tem dificuldade de aprender (ex. aprender conteúdos escolares, aprender geografia), pois todos podemos aprender algo, algumas coisas com mais facilidades outras com menos, mas todo mundo é capaz de aprender!

Uma criança pode ter dificuldades de aprendizagem de conteúdos escolares, mas ter sucesso em outras habilidades importantes que não foram aprendidas na escola, mas sim de outras formas. No livro “Na vida 10 na escola Zero”, os autores Carraher, Nunes & Schliemann (1996), mostram exemplos interessantes sobre como a muitas vezes, dentre os alunos que não aprendem matemática na aula estão alunos que usam a matemática na vida diária, vendendo em feiras ou calculando e repartindo lucros.

As dificuldades de aprendizagem de conteúdos escolares podem, portanto, indicar problemas de outra ordem, como problemas nos métodos de ensino ou no ambiente escolar. É sempre importante questionar todos os aspectos envolvidos na aprendizagem antes de dizer que alguém tem dificuldades de aprendizagem.

Nem toda aprendizagem é boa

Quando pensamos em aprendizagem, geralmente, nós pensamos em seus aspectos positivos, como ganhos (ex. aprender a andar, aprender um novo idioma), mas é importante ressaltar que para a Psicologia, o que é aprendido não é necessariamente bom ou adaptativo.

Nós podemos aprender tanto coisas consideradas como boas quanto coisas ruins ou erradas. A Psicologia quando se ocupa do estudo da aprendizagem não se refere apenas à aprendizagem de coisas boas, mas sim ao processo como um todo.

Comportamentos anti-sociais ou agressivos, por exemplo, também são fruto de aprendizagem ainda que sejam indesejáveis. Outros comportamentos comuns como a famosa “manha” das crianças também não é desejável para muitos pais, embora as crianças aprendam a se comportar assim.

Nem toda aprendizagem é intencional ou consciente

Quando tratamos do tema aprendizagem, também é importante discutir que contrariamente ao que se pode intuir, a aprendizagem nem sempre é intencional ou consciente.

Muitas das vezes nós aprendemos sem que estejamos em um contexto de ensino deliberado como a escola. Ou seja, não necessariamente nós temos consciência de que estamos aprendendo algo.

Pense quantas coisas você aprendeu com uma pessoa apenas pelo convívio com ela. Nós aprendemos a falar, a andar, aprendemos costumes e hábitos e muitas outras coisas apenas por observação e convívio com outras pessoas.

Observe como as crianças aprendem rapidamente a andar de forma parecida com os pais, a falar de maneira parecida e até ter gostos parecidos. Mas as mudanças continuam durante a vida, nós aprendemos a todo momento, e observando outras pessoas, professores, parentes e amigos, as crianças logo começam a criar um estilo próprio e modificar o seus gostos, jeito de falar e de andar.

É claro que essas aprendizagens podem ser conscientes, mas muitas das vezes elas não são, apenas acontecem pela exposição a essas situações. Existem coisas que podemos querer e tentar aprender e outras que nós não temos controle algum e acabamos aprendendo pela experiência, algumas vezes sem tomar consciência de que aprendemos. Nós psicólogos distinguimos, então, dois tipos de aprendizagem: aprendizagem implícita e aprendizagem explícita.

Aprendizagem implícita e explícita

A aprendizagem implícita se refere a um tipo de aquisição de conhecimento sem a necessidade de uma intenção ou ensino deliberado, por exemplo, você aprendeu a falar sem que tivesse que ir à escola para essa aprendizagem.

A todo o momento, nós estamos cercados por diversos estímulos e, na interação com esses estímulos, nós vamos percebendo as regularidades e criando memórias sobre esses eventos, isso é, aprendizagem implícita.

Dizemos que a aprendizagem é explícita quando ela é resultado do ensino deliberado, por exemplo, quando você recebeu instrução sobre quais foram os presidentes do Brasil ou como se deve escrever uma redação.

A aprendizagem implícita acaba parecendo mais simples do que a aprendizagem explicíta, o que não é uma verdade absoluta.

A verdade é que podemos apreender as coisas tanto implicitamente quanto explicitamente, mas normalmente a aprendizagem explicita tende a ser facilitada, pois alguém está explicando o que você deve fazer para aprender; enquanto que na aprendizagem implícita você deve descobrir por si mesmo seus próprios meios de aprender algo o que pode demorar mais.

Utilizando os conhecimentos aprendidos

Para concluir, é importante dizer que a aprendizagem nem sempre envolve qualquer comportamento manifesto imediato.

Podemos aprender algo e só utilizar muito tempo depois. É por isso que algumas vezes as crianças podem falar algum tipo de palavra inadequada espontaneamente (ex. um palavrão) e, então, os pais envergonhados dizem “Não sei com quem ele aprendeu isso”. Embora os pais não se lembrem, podem ter sido eles mesmos que falaram essa palavra em outra ocasião, a criança ouviu, aprendeu e só utilizou o conhecimento quando quis.

Em breve irei discutir mais sobre esse importante conceito que é a aprendizagem, falando sobre outros modos de aprender, quais fatores são importantes para aprendizagem e sobre dificuldades neste processo. O que você achou desse artigo? Deixe seu comentário, dúvidas e sugestões.

Sugestão de Leitura

Hill, W. F. (1981). Aprendizagem: Uma resenha das interpretações psicológicas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara dois. Carraher, D.; Nunes, T. & Schliemann, A. L. (1996). Na Vida Dez , Na Escola Zero. 16ª ed. São Paulo: Ed. Cortez.

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