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O que é Burnout? A Síndrome do Esgotamento Profissional 

O que é Burnout? A Síndrome do Esgotamento Profissional 

Você já deve ter ouvido antes sobre o distúrbio de Burnout. Seja no ambiente acadêmico ou no profissional, este tema tem ganhado mais relevância nos últimos anos. Com a pandemia da COVID-19, os assuntos relacionados ao estresse no ambiente de trabalho e esgotamento dos profissionais cresceram ainda mais, então têm sido discutidos com mais ênfase por psicólogos, psiquiatras e médicos. 

Apesar da relevância, não há consenso na definição sobre o que é Burnout. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a síndrome como uma doença de trabalho e a definiu como “uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”. Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional pode apresentar diversos sintomas e se fazer presente de diversas maneiras, porém se estabelece principalmente a partir da sensação de exaustão excessiva e prolongada no local do trabalho. 

Esse cenário tornou-se ainda mais crítico com o início repentino das restrições frente à pandemia da Covid-19 em todo mundo, uma vez que resultou em mudanças significativas na vida cotidiana de milhões de profissionais, inclusive na vida doméstica. As restrições do distanciamento impuseram uma nova forma de trabalhar dentro de casa e longe do ambiente corporativo. O trabalho remoto ganhou novas diretrizes, com benefícios e desafios para todos os envolvidos.

Pesquisas anteriores sobre a relação do trabalho remoto e o estresse na vida profissional forneceram alguns insights sobre possíveis problemas futuros àqueles que mudaram rapidamente para esse modelo, como estresse de função e sobrecarga de trabalho pela dificuldade de equilibrar atividade profissional e questões tanto pessoais quanto familiares. Essas pesquisas predisseram o cenário que seria encontrado durante a pandemia da Covid-19 relacionado tanto ao estresse quanto à exaustão física e emocional.  (Bolger, DeLongis, Kessler & Wethington 1989; Duxbury Stevenson e Higgins, 2018)

Em abril de 2021, os Estados Unidos da América registraram o seu recorde em pedidos de demissão ao longo de um único mês desde os anos 2000, criando um paradoxo em relação ao número de desempregados naquele momento. Esse evento é atribuído ao elevado nível de estresse gerado em milhares de trabalhadores pela insegurança do ano anterior frente à grave crise econômica que ameaçava todos os países.

Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade do Kennesaw mostrou que esse quadro de esgotamento aparece de forma mais acentuada e prolongada em mulheres e em trabalhadores que antes da pandemia não possuíam a flexibilidade do trabalho remoto. Os dados mostraram ainda que as mulheres com dupla jornada, já que a ela geralmente se acrescentam os cuidados da casa, trabalham cerca de 20 horas semanais a mais em relação aos homens, logo sua sobrecarga mental e emocional é impactada diretamente por esse fator. (Hayes, Sherrill W.; Priestley, Jennifer; Ishmakhametov, Namazbai; and Ray, Herman E, 2020)

SINTOMAS DO BURNOUT

A Síndrome de Burnout caracteriza-se principalmente por três componentes: exaustão emocional e/ou física; perda do sentimento de realização no trabalho, com produtividade diminuída; despersonalização extrema. Os sintomas podem ser físicos, emocionais e psicológicos, com mais ou menos intensidade dependendo de cada indivíduo. 

Por isso, é preciso ficar atento. Os principais sinais e sintomas presentes na Síndrome de Burnout são: 

Físicos: sensação de cansaço na maioria do tempo; fragilidade do sistema imunológico; dores de cabeça, lombares e musculares frequentes; alterações no apetite; alterações no sono;

Emocionais: sentimento de fracasso, derrota e desamparo; sentimento de solidão; falta de motivação; negativismo; diminuição da satisfação e do sentimento de realização profissional e pessoal;

Comportamentais: isolamento; lentidão na realização das tarefas habituais; dificuldade em assumir as responsabilidades habituais; consumo excessivo de comida, álcool ou drogas; absentismo, ou seja, chegar atrasado ou sair mais cedo do trabalho; modificação dos padrões de comportamento habituais.

COMO PREVENIR

Pelo exposto, fica nítido que a Síndrome de Burnout deve ser uma preocupação para as corporações. Elas devem questionar-se a respeito de o ambiente de trabalho, criado pelos seus líderes e liderados, ser colaborativo ou adoecedor, além de adotar medidas efetivas para reduzir o desenvolvimento de desgaste emocional na equipe. 

Dessa forma, os líderes e a área de Gestão de Pessoas devem estar atentos aos sinais de esgotamento dos colaboradores, promover um ambiente colaborativo e de aprendizado contínuo por meio de palestras e mudanças culturais. Além disso, devem repensar a forma como são estabelecidas as metas e os prazos em todos os processos e áreas das corporações. 

Ademais, para além dos feitos no ambiente laboral, existem pequenas ações no dia a dia que podem ser adotadas para reduzir a carga física e emocional do trabalho. São alguns exemplos:

Tempo para relaxar: tire um tempo no seu dia para relaxar. Pesquisas mostraram que o Burnout está mais relacionado a altos níveis de cortisol no final e início do dia; por isso, ao acordar, organize as tarefas do dia e faça alguns minutos de meditação, pensando positivo e mentalizando coisas boas;

Estilo de vida saudável: tente adotar um estilo de vida mais saudável. Estabeleça horários para fazer suas refeições e as faça com calma, prestando atenção apenas no sabor dos alimentos enquanto os ingere. Além disso, é essencial ter um sono reparador; para isso, interrompa o uso de telas e mídias sociais 30 minutos ou uma hora antes de se deitar e se planeje para dormir entre 7 ou 8 horas por dia;

Atividades prazerosas: busque por atividades que tragam prazer a você, seja academia, esportes, yoga, pintura ou leitura. Tente começar algo novo todos os meses;

Gerir o estresse: aprenda a melhor forma de gerir o estresse do dia a dia. Uma solução é anotar seus pensamentos e sentimentos todos os dias e refletir sobre os acontecimentos que o levaram ao estresse, além da maneira como reagiu a isso; 

Rede de apoio: para todos os traumas e distúrbios psicológicos, ter uma rede de apoio é fundamental. Busque pessoas de confiança que possam ouvi-lo e acolhê-lo nos momentos mais difíceis e que ajudem você a refletir sobre suas ações;

Ajuda psicológica: se sentir que não está dando conta sozinho(a) do estresse e dos sintomas, não hesite em buscar ajuda profissional para o ajudar a passar por esse momento conturbado. 

Referências:

Bayes A, Tavella G, Parker G. The biology of burnout: Causes and consequences. World J Biol Psychiatry. 2021 Nov;22(9):686-698. 

Bolger, N., DeLongis, A., Kessler, R. C., & Wethington, E. (1989). The contagion of stress across multiple roles. Journal of Marriage and the Family, 51(1), 175- 183.

Duxbury, L., Stevenson, M., & Higgins, C. (2018). Too much to do, too little time: Role overload and  stress in a multirole environment.  International Journal of Stress Management, 25 ((3), 250

Esteves-Ferreira, Alberto Abrantes, Santos, Douglas Elias e Rigolon, Rafael Gustavo. Avaliação comparativa dos sintomas da síndrome de burnout em professores de escolas públicas e privadas. Revista Brasileira de Educação [online]. 2014, v. 19, n. 59 [Acessado 11 Fevereiro 2022] , pp. 987-1002

Hayes, Sherrill W.; Priestley, Jennifer; Ishmakhametov, Namazbai; and Ray, Herman E., ““I’m not Working from Home, I’m Living at Work”: Perceived Stress and Work-Related Burnout before and during COVID-19” (2020). Faculty Publications. 4607

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