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Enfim, psicóloga!

Enfim, psicóloga!

Transformar-se em um profissional da Psicologia é resultado de uma caminhada singular. Não basta a escolha do curso (que por si só representa um desafio), mas também a aprovação no vestibular (outro desafio), a entrada na universidade e ao menos 5 anos dedicados (espera-se que bem dedicados) à graduação. Já deu pra perceber que o itinerário não será marcado só por flores.

Como se não bastasse, aquela história dita aos calouros de que haverá noites em claro, professores que reprovam por um décimo e também aqueles que mal fazem chamada, disciplinas que definitivamente não deveriam fazer parte do curso, de fato, são verdadeiras. Por outro lado, os veteranos igualmente não mentem quando dizem que serão anos inesquecíveis, que o tempo passará mais rápido do que se imagina e que você sairá sabendo muito menos do que gostaria.

Quando entramos no curso temos a expectativa de que sairemos com condições de analisar tudo ao nosso redor e entender o que se passa na cabeça das pessoas. Muitas vezes, enquanto iniciantes, acreditamos que só estudaremos aquele autor ou abordagem que são mais conhecidos e divulgados no senso comum, como por exemplo, Freud e a Psicanálise. Além de termos acesso a um número muito maior de referenciais teóricos, ao longo do percurso, certamente perceberemos que mesmo a Psicanálise e Freud são bem diferentes e provavelmente muito mais complexos do que supúnhamos e o mesmo se repete com as abordagens que vamos conhecendo.

Quanto às áreas de atuação, essas geralmente não fogem das imagens distorcidas que formamos quando principiantes. Lembro-me que considerava maravilhoso ter uma profissão em que receberia para ser amiga de alguém. Que ingenuidade a minha! A relação terapêutica dispõe de características próprias, que de modo algum se confundem com os laços de amizade. É claro que existe uma proximidade e confiança real, mas de um modo bastante singular (mesmo gostando muito da área clínica, não me estenderei, pois essa já seria discussão para outro texto). Mas aproveitando o gancho, quando escolhi Psicologia tinha mais acesso à área organizacional e logo imaginei que me engajaria neste ramo. Contudo, aos poucos fui descobrindo paixões diferentes, tal como a clínica que já mencionei.

Nesse sentido, vale destacar que a Psicologia é um campo extremamente amplo, que abarca a atuação em diversas áreas: hospitalar, educacional, ambiental, políticas públicas, trânsito, etc. Quer uma dica? Não se precipite! No devido tempo, se encantará por uma ou várias áreas e mesmo depois de formado pode se surpreender com as oportunidades de trabalho que surgirem. Além disso, caso perceba que não gostou tanto assim de Psicologia, nunca é tarde para mudar a rota.

Assim como diz uma de minhas professoras, “onde existem pessoas, o psicólogo ali pode trabalhar”. Acredito que esse seja um dos pontos cruciais da singularidade de nossa formação, não importa o que esteja fazendo ou onde esteja atuando, se for psicólogo estará lidando com pessoas, direta ou indiretamente. E mais, estará consciente disto. É claro que muitas outras profissões inevitavelmente terão contato com pessoas, entretanto, a nossa é uma das mais intimamente ligadas a esse compromisso com o ser humano.

Ser humano que inclui não apenas o outro, mas nós mesmos. Não me refiro a uma jornada voltada para o autoconhecimento como foco principal, afinal não deve ser esse o objetivo primeiro da escolha por uma profissão. Todavia, trata-se de uma formação capaz de mobilizar transformações importantes, tanto na dimensão profissional, quanto pessoal. É provável que tais mudanças também não sejam exclusivas a nós, porém, de algum modo, tendemos a ficar mais atentos e sensíveis a essas metamorfoses.

Quando no momento da entrega do canudo, do juramento e recebimento do diploma pensei: “Enfim, psicóloga!”, no momento seguinte outro pensamento tomou forma “a transformação não acabou, a caminhada continua!”. Seja calouro, veterano ou profissional, se você escolheu ou escolherá essa aventura, prepare-se, os desafios frequentemente estarão presentes, mas valerá a pena, as conquistas também estão.


As palavras que aqui escrevi claramente têm um pouco de mim, assim como claramente tenho um pouco delas. Sendo assim, não poderia deixar de dedicá-las àquelas pessoas que possibilitaram e apoiaram cada passo dessa aventura. A minha família, meus amigos e professores, cada qual em seu papel carrega um pedaço dos desafios que comigo vivenciaram, assim como compartilham as conquistas que de modo tão intimo estiveram presentes. Como disse “a transformação não acabou, a caminhada continua!” e só tenho a agradecer por tê-los comigo.

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