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Instagram e pandemia: um bem ou um mal?

Instagram e pandemia: um bem ou um mal?

Depois de quase três anos vivendo em meio a uma pandemia, é quase impossível negar a importância e os benefícios da tecnologia em nossas vidas: quando a distância física foi necessária, as redes sociais permitiram proximidade, mesmo que virtual. Ao mesmo tempo, também se tornou mais evidente o quanto elas, se não exploradas com análise crítica, podem ser prejudiciais para nossa saúde mental. 

O Instagram é um exemplo que evidencia esses dois lados, pois, ao mesmo tempo em que encurta distâncias, também traz expectativas e ansiedade de buscar padrões de vida que só existem nas redes sociais.  Esse aplicativo permite que você siga o perfil de amigos ou de figuras públicas, ou seja, acompanhe as publicações de outras pessoas que compartilham a mesma rede. A intenção é que, a partir de fotos, muitas vezes seguidas por legendas e também pequenos vídeos (os stories), você possa presenciar recortes da vida do próximo e também mostrarrecortes do seu cotidiano.

Os benefícios das redes sociais para saúde mental

Como já mencionamos, no momento em que a distância física foi necessária, as redes sociais aproximaram todos. Ficamos afastados de familiares, amigos próximos e do convívio social em geral, e esse quadro foi acompanhado por um medo insistente: “será que meus entes queridos estão bem? Estão protegidos?”

É possível pensar que quem não se preocupou com a saúde de si ou do próximo nos últimos três anos viveu em negação. Por isso, poder acompanhar as rotinas de outras pessoas nas redes sociais foi mais que uma distração:pôde ser entendido até mesmo como uma ferramenta para diminuir a ansiedade e a preocupação.

O Instagram também oferece outros benefícios, como a propagação de notícias e de campanhas diversas, inclusive de saúde mental. Além disso, o aplicativo tem sido uma ferramenta importante nas campanhas de busca por pessoas ou animais desaparecidos.

Se, por um lado, o Instagram traz competitividade de padrões de vida, também aproximou jovens que passam por problemas semelhantes. Por exemplo, existem perfis voltados a pessoas que sofrem de saúde mental, os quais, além de fornecerem informações acerca do tema, permitem que os usuários interajam  e compartilhem suas experiências, diminuindo a sensação de incompreensão e solidão de quem vive isso em meio à pandemia. 

A instituição de saúde do Reino Unido, Royal Society for Public Health,  divulgou dados que comprovam a eficácia dessa interação, especialmente para jovens que têm esse tipo de dificuldade. Cerca de 70% dos adolescentes compartilharam o alívio que sentem ao receber apoio de outros internautas, afinal a Internet torna possível o encontro de pessoas com pensamentos e situações semelhantes.

Os malefícios das redes sociais para saúde mental 

Apesar de aproximar as pessoas, as pesquisas mais recentes também mostram que o uso excessivo do Instagram tem aumentado os índices de depressão e ansiedade. Em uma pesquisa realizada pela Royal Society Public Health juntamente com o Movimento de Saúde Jovem, foi constatado que o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental de jovens entre 14 a 24 anos, causando vício de uso que ultrapassa o do uso de cigarros e álcool. 

É necessário à nossa compreensão lembrar que as páginas do Instagram, na maior parte das vezes, trata de recortes da realidade, ou muitas vezes de uma realidade construída. Os momentos costumam ser selecionados a dedo: fotos familiares em que todos estão abraçados e sorrindo, e não momentos nos quais todos estão brigados e chateados. As fotos pessoais geralmente são manipuladas com filtros de beleza que tornam a pele impecável, a cintura modelada, os cílios alongados, os lábios desenhados com o cabelo moldado direto do salão de beleza, um padrão de beleza inalcançável! 

Dificilmente alguém posta uma foto de um momento triste, e isso não quer dizer que eles não existam. As redes sociais também nos iludem, também nos fazem idealizar uma vida na qual não temos, em 100% do tempo, uma beleza artificial e inalcançável, amigos perfeitos e uma família vinda direto de um comercial de margarina. E como ninguém é feliz, lindo e pleno sem problemas o tempo todo, a frustração na busca por esse padrão de vida é prejudicial – assim como a comparação, quase inevitável, com a vida do outro. As pesquisas indicam que 70% dos jovens que consomem redes sociais por mais de duas horas por dia estão desenvolvendo autoestima baixa, sintomas de ansiedade e depressão.

Leia também: O que é Burnout? A Síndrome do Esgotamento Profissional 

equilíbrio

O “consumo” das redes deve ser equilibrado. É importante entendermos as funções delas sem cair na ilusão de que o que o outro posta é a realidade. Temos que acionar a análise crítica, entendendo que um post é um recorte da realidade, ou seja, um momento selecionado e escolhido por ele sobre o que mostrar e como mostrar. Com essa compreensão, evitamos comparações e a idealização por um status inalcançável. 

O Instituto de Psiquiatria Paulista recomenda que a chave para o uso saudável das redes sociais está no controle do uso. Como? Gerenciar o tempo de uso delas. Existem inclusive aplicativos que medem o tempo de uso gasto em cada rede, permitindo ao internauta equilibrar a exposição às telas. Encontrar outras atividades de interesse no “mundo real” também é fundamental para a nossa saúde mental, assim como a prática de exercícios físicos, por exemplo.

E, acima de tudo, lembre-se sempre: melhor que postar é viver o momento! Conte para nós: como é a sua relação com as redes sociais?

Referências: 

https://hospitalsantamonica.com.br/redes-sociais-e-saude-mental-sera-que-existe-influencia/ – acesso em fevereiro de 2022

https://www.scielo.br/j/rbem/a/h64tYKYMwXDmMJ7NGpmRjtN/?format=pdf&lang=pt – acesso em fevereiro de 2022

https://www.medley.com.br/blog/saude-social/redes-sociais-fazem-bem-ou-mal  acesso em fevereiro de 2022 

https://www.rsph.org.uk/about-us/news/instagram-ranked-worst-for-young-people-s-mental-health.html acesso em fevereiro de 2022

https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/  acesso em fevereiro de 2022

https://psiquiatriapaulista.com.br/o-instagram-esta-prejudicando-a-sua-saude-mental/  acesso em fevereiro de 2022

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